domingo, 26 de dezembro de 2010

Você


Você me laça
Com este perfume no seu cabelo
Só de senti-lo
Eu me imagino
Te amando assim



Você me prende
Com este olhar tão eloqüente
Só de te ver
Eu já me entrego
Me entrego assim

Você me ama
Com seu jeitinho de mulher doce
Só de provar-te
Já me lambuzo
Lambuzo assim

Você me morde
Como vampira enlouquecida
Sou tua presa
Me faço seu
Sou seu assim

E o tempo passa
Nossos sabores só se misturam
Eu com teu gosto
Você com o meu
Somos assim

Estamos juntos
Não nos importa em que lugar
De nada adianta
Se separados
Tão longe assim

Você e eu
Somos nascidos pra ficar juntos
Sou pra você
E você é
Assim pra mim


Aldo Novak


sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Eu vejo você

Eu vejo você
Reconheço você
Pelo que é – e pelo que busca ser
Pelo que sente – e pelo que busca sentir
Pelo passado que teve – e pelo futuro que busca ter


Eu vejo você
Desde o primeiro segundo
E todos os outros segundos
Por sua alma que busca entender
Viver. Sentir.
Por um segundo, existir
Para nunca – jamais – partir

Aldo Novak


quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Perdido no Olimpo

Ontem estive perdido no Olimpo
Reunido com vários dos deuses
Perguntando, sincero, a eles
O que me faz te amar tantas vezes

Minerva indicou, sempre calma
Que seguisse o caminho do meio,
Sugeriu olhar rente ao rio
Que não muda, mas muda às vezes
Ora calmo, ora forte e bravio
Que é outro, após poucos meses

Marte, sempre esquentado e com pressa
Logo uma batalha propôs
Pediu que eu te atacasse
Seduzindo te raptasse
E pensasse melhor depois


Afrodite, por mim se engraçou,
Tão doce, linda e sincera,
Diferente da imortal Hera
Me pediu que a amasse nos céus
Aceitar a proposta não pude
Meu amor não controlo, é teu,
Como a água é de todo açude.
E a vitória do bravo Perseu

No fim, para os mares parti
Odisséia de vida cercou-me
Agora cego, só vejo teu rosto
E me pergunto se aqui eu fui posto
Pra te amar, ou morrer de desgosto

Nesta ilha, sozinho e sem sons
Sem amores, vitórias ou dons
Me pergunto porque existir
Se de ti meu navio se perdeu
Se agora me perco na terra
Se estou vivo ou vivo em Morfeu

Separados no mar e na vida
Navegamos sem destino, sem nau
Você não tem culpa de nada
Escolhemos o nosso começo
Mas jamais o nosso final

Não sei, e não quero saber
Porque não te vi embarcar
Quem sabe, naquele momento
Olhasse pra alguma sereia
Ou meus olhos estivessem cegos
Ou apenas mirando no mar

Não me cabe agora julgar
Desastradas escolhas de Zeus
Meu poder, se é que tenho, é te amar
Meu amor e minha vida são teus.

domingo, 14 de novembro de 2010

Lua Lenta

Lua Lenta

Os raios da Lua Lenta
Douram seu corpo no escuro
Te tocam a alma
- e juro
Fazem de mim seu vassalo
As ondas do mar que avançam


Beijam sua pele
- te amam
Vivem do amor, mas reclamam
Não te possuem,
- só te tocam
E eu,
quem sou eu?
- sou um mago
Prisioneiro enfeitiçado
Neste jogo, só um dado
Esquecido,
Posto ao lado
Na verdade,
Um mago vago
Um poeta acabado
De coração arruinado
Se amante, desejado
Se amor, abandonado
No fundo um cavalo xucro
Do meu grupo desgarrado
Olhando a Lua e seu brilho
Teimando em ser seu amado


domingo, 19 de setembro de 2010

Dia Juntos


Todos brincam pelas ruas
Nessas casas, tão antigas
Minhas mãos, sempre nas suas
Mãos amantes, mãos amigas

Não é um sonho acabado
É mais amor agarrado
De te amar sou, sim, culpado
Seu eterno enamorado
Seu louco apaixonado




O dia se esvai em sorrisos
Esperando a noite tão calma
Em seus olhos vejo avisos
Que trazem, pra mim, paz na alma

A paixão não me larga jamais
Porque não a quero distante
O que quero é ser seu amante
Seu marido, seu desconcertante

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Monge pirata

Será que lembro
Como é ser amado?
Será que recordo
Como devo te amar?

Me pego às vezes
Dormindo ou acordado
Lembrando que esqueço
Como era sonhar

Sabendo que outrora
Estando ao seu lado
Seria tão fácil
Te complementar



Teu corpo navego
Movido por beijos
Ora em furacões
Ora em descansar

Quem sou este eco
Que escuto distante?
Sou pirata, sou monge?
Preciso lembrar

Os dias me trancam
Como em calabouços
Me vejo perdido
Me sinto afundar

Corrente me ancora
Ao seu coração
Mas não sei se sou
Herói ou vilão.

Talvez reencontre
O mapa perdido
Ou talvez me perca
No fundo do mar.

A mim não importa
O fim dessa história
Pois que todo final
É um recomeçar.

Mesmo nau à pique
Não acaba comigo
Um monge pirata
Sempre existirá.

Cardumes me cercam
Tubarões me evitam
Sereia me busca
Eu vou te encontrar.


Aldo Novak

sábado, 22 de maio de 2010

O Tesouro

Assento o tijolo
Na sombra clara
Do proibido
Do desprezado

Soco o cimento
Revolvo pedras
Ajunto blocos
Abandonado



O sol me marca
Não desespero
Luto sincero
Rico ou sem nada

Com tudo sempre
Com nada hoje
Levo o tesouro
Pra minha amada

Nada me para
Nada me estanca
Nada me tranca
Tudo alavanca

Assim cresci
Assim vivi
Assim sou teu
Vivo por ti

Aldo Novak

quarta-feira, 12 de maio de 2010

De longe


De longe


Não preciso de você -
Mas quero precisar.

Não sou quem te completa -
Mas quero completar.

Ainda não te ajudo –
Mas quero ajudar.

De tudo, só o que faço
é, de longe, te amar.

Aldo Novak


segunda-feira, 3 de maio de 2010

Noite

Na noite clara e fria
De um inverno perene
Te busco entre estrelas
Te escuto calmo
As dúvidas
Silentes de seu coração ameno.


Sinto as dores de cada uma de suas
Certezas ausentes.
Confusões evidentes.

Vejo lágrimas que se escondem
Faceiras
Sorrateiras
Em tantas faces sorridentes
Mas a noite continua fria
Como meu coração.

Aldo Novak

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Você é Luz


Você é Luz
A candeia que ajuda
A vela que instrui
Lamparina que acode


Você é Luz
Vaga lume que dança
Sol que aquece
Lua que alcança


Você é Luz
Planta que brilha
Farol que alumia
Tocha da lembrança

Você é Luz
No claro me tem
No escuro, seduz

Você é ela
Seja quem for
Ainda é luz

Aldo Novak


sexta-feira, 16 de abril de 2010

Água

A água escorre calma
Por sua pele tão quente.


Escorre lenta;
Ela me tenta.
Desorienta.
Ela é você.


Aldo Novak

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Faz frio

Está escrito
Faz frio
Mas te sinto quente
Em nosso abraço terno
Te sinto gente
Se o sol se esconde
Se o vento mente
Ainda assim te sinto
rente
ao coração



Está escrito
No batente da porta dourada de um só nosso céu
Agarra. Sente.
Vive. Invente.
Vivo e te aqueço
Vivo e me esqueço
Da correnteza
Que já passou

Está escrito
Com nossa letra
Com nosso senso
O que virá
O que virou.

terça-feira, 6 de abril de 2010

CHUVA

Chuva


Gotas de chuva despencam do céu
Correm assustadas pelo telhado
Choram pelas janelas.

No caminho
Arrastam sonhos
Afogam esperanças



Marcam, tristes, a diferença entre
O impossível e o improvável
E, enquanto escorrem,
Queimam os corações que
Confiam, sem pensar
Amam por amar
Crêem em viver

E o som da chuva
Só me traz um pensamento
Nesse evento que é a vida
No momento em que, sozinho, penso
E tudo o que surge é um sonho.
Triste. Alegre. Tenso.
É você.

Aldo Novak

Fotos

Hoje o 'rascunho' não é meu. Não sei quem foi o fotógrafo, mas acho que as fotos são mais eloqüentes que palavras, neste caso:














quarta-feira, 31 de março de 2010

Presente de Netuno

Como um ser aquático perdido
Em oceanos, rios e mares
Fui muitas vezes ferido
Em diferentes lugares

Eu devia estar ausente
Não caçado e preso a anzóis
Mas Netuno me fez ver-te
E foi como olhar mil sóis

Sei que este anzol te pertence
E amarrado agora me sinto
No mar o mais forte é quem vence
E vencer você não consigo

Tal qual peixe já cansado
Me rendi sem nem lutar
Tal qual peixe já pescado
Só me resta te amar

Nada mais agora me alegra
Se não nos leva até o fim
Marinheira, essa é a regra
Pescou, tem que cuidar de mim

Nas águas sou quem te protege
Dos perigos e dos medos
Sem pudor eu te cortejo
E te cubro com mil beijos

De você, tubarões afasto
Te protejo das arraias
Não te largo com o nefasto
E te levo à lindas praias

Marinheira, sou todo seu
Pois se das águas sou rei
Você é a única rainha
Foi você quem Netuno me deu
Agora meu coração é seu
E você será, prá sempre, minha

Aldo Novak

segunda-feira, 29 de março de 2010

Contenda

Na soleira
Na janela
No riacho da fazenda
Em todas as cachoeiras

Onde a Terra e o céu se tocam
fazendo da visão a emenda
Rente ao prado e a montanha
Olho a noite e as estrelas
Brilhos na mais linda batalha
Briga que só você vence
Contenda que só você ganha

Aldo Novak

quarta-feira, 17 de março de 2010

Não me importa

Não me importa.
Enquanto seu tornozelo
Se torna pista para meus beijos
e seus olhos espelhos,
para o que de melhor em mim existe
Nada me importa.

Não me importa
Se até as rosas se
ruborizam com nossos encontros
Enquanto seu arfar
e o meu se tornam um só.
E os arco-íres nos
parecem seguir
Nada me importa.

Não me importa
Se os relógios do mundo
Se unem em dolorosa conspiração
para de mim te afastar.
Nada disso me importa.



Só me importa você
Menina das nuvens
Só me importa te amar.


Aldo Novak

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Não pergunte

Não pergunte como tudo aconteceu
Pois não sei entender tamanho amor
Sei apenas o que senti ao te enxergar
Vi um sol que ilumina e dá calor


Ah, você é minha para sempre, e sempre foi
Não importa onde esteja ou aonde vá
Te pertenço e me pertence, sempre assim
Nos lugares onde esteve ou estará

Meu amor
Jamais abandone seus sonhos
E construa sua vida em torno deles
Estarei ao seu lado, te apoiando
Segurando sua mão todas as vezes

Não existo em viver sem seu carinho
E palavras que me marcam tanto a vida
Guardo músicas, fotos e bilhetes
Você é meu caminho só de ida.

Aldo Novak

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Nossa dança

Você tem coragem
De dançar essa dança
De voltar à criança
Que morou ai dentro?

couple_dancing_deck

Você tem a vontade
De pegar minha mão
De tornar a viver
Em um só coração?

Você tem o calor
Que de dentro se espalha
Que por todos os poros
Se esparrama em amor?

Então nos pertencemos
Um pro outro nascemos
E prometo, feliz,
Que assim venceremos.


Aldo Novak


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Noite fria

A noite fria vai tomando as estrelas
E elas, as estrelas tão quentes,
Somem ao fundo sob um céu nublado
E com sua fraca luz,
Apenas reforçam
A saudade.

IMG_3896

E meu olhar sobre
Você se torna o som
De um violino distante
Como que tocado em um telhado
Ao longe em uma cidade perdida.

E a saudade esfria ainda
mais a noite
E a noite, ainda mais fria,
Toma ainda mais estrelas
E o som tênue daquele violino
Vai ficando ainda mais distante.
Mais triste.
O que não diminui é a saudade
Saudade de você.

Aldo Novak

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Menina das Nuvens 2

Nuvens passam e te procuro
Eis que em nenhuma me sinto só
Porque em todas
Vejo você
Menina que desde sempre buscava
Só não te via
Só não te olhava
Pois não sabia que existia
Só por isso não te queria
Só por isso não te amava.



Sei que talvez nem mesmo insista
Em arriscar noutros tolos caminhos
Talvez nem mesmo me tenha em vista
Ou me resista, por segurança
Talvez não me abra os muros da vida.
Como faria qualquer corista
Ou apenas não queira viver hoje
Essa minha proposta anarquista


Aldo Novak

Menina das Nuvens 3

Mais uma nuvem,
Mais uma pista.
Mas não me fuja,
Não me resista.

Rápido? Lento?
Depende do dia
Do mês
Do momento
Depende do clima - da força do vento.

Vento que sopra pra onde ele quer
Seja calmo ou assustador
Foi quem te trouxe em nuvens marcantes
Com sede de vida
Com olhos brilhantes
Senti teu ardor
Tua fome de amor

sensualidade1

Antes do ataque eu já me entreguei
Teu me tornei
Como nuvem que não resiste
Mas que persiste em existir triste
Me aprisionei
E por teus beijos, me lancei ao fogo mortal
Sem meus pudores
Sem medos
Sem nem mesmo um reles escudo
Ou ordinário punhal.

Não seja uma nuvem
Que passa sozinha.
Te quero inteira.
Te quero só minha.
Dançando juntinhos
Em festas, em bailes
Na casa de amigos,
Ou nossa cozinha.

Tuas lágrimas evaporaram
Foram às nuvens em minha busca
E agora lá
Já me encontraram

Menina das nuvens
Vem dançar comigo
Seja nos ventos
No mar
No deserto
Te quero aqui perto
Coração aberto
Pra ser sempre teu.

Aldo Novak

Menina das Nuvens 1

Em cada nuvem que passa leve
No céu de um verão mais que breve
Retomo sonhos que já carrego
Liberto o eu
Mas não me livro
Sou prisioneiro. A ti me entrego.

Em cada nuvem que passa leve
Encontro cenas que há muito busco
Umas em praias
de azul cobalto
Outras em terras
de verde musgo.

nuvem_coracao

Em cada nuvem que passa leve
Procuro o toque de tua pele
Sinto a energia que te acompanha
Toco a essência que te compele

Em cada nuvem que passa leve
Vejo a flor linda em teu cabelo
Leio a mensagem que me transmite
Pego envelope, endereço e selo.

Em cada nuvem que passa leve
Vejo momentos vivendo juntos
Sejam sagrados,
no enlaçamento
Nossos filhos, trabalho e sustento,
Sejam profanos e censurados
Em nosso amor, nosso momento
Sem bloqueios, quaisquer censuras
Sem culpas e sem cabimento

Em cada nuvem que passa leve
Que já foi chuva, rio - talvez neve
Largo os escudos que sempre tive
Posto que o amor que julguei perdido
Vejo em você, que ainda existe

Aldo Novak

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Ilusões Minhas

Ilusões Minhas

Por que te vejo,
Por que te sinto,
Por que te quero junto de mim?

Por horas estas,
Dez badaladas,
Quando os ponteiros da noite vem.

Por que te penso,
Por que te minto,

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Por que te acolho em meu coração?

Por chuvas quentes,
Molhadas faces,
Beijos, agarros, corpos se dão.

Por que te tenho,
Por que te perco,
Por que te acordo junto de mim?

Por sonhos estes,
Ilusões minhas,
Quero ter sempre, até o fim.

Aldo Novak

Membro da Academia Guarulhense de Letras

domingo, 3 de janeiro de 2010

Metade da Ponte

Metade da Ponte
Da metade desta ponte
Eu não posso mais passar
Este é meu horizonte
Mas não posso atravessar

ponte

Todo amor é uma ponte
Em que o inteiro é metade
Cada um anda adiante
Mostrando sua vontade
Um dirige-se ao outro
Ambos viram a unidade
Da metade dessa ponte
Vivo uma eternidade
Da metade te aguardo
pra nossa felicidade
Aldo Novak