segunda-feira, 21 de abril de 2008

Robô



Robô não sente
Robô não vive
Robô não sabe que está aqui.
Robô não veste,
não dorme ou despe
qualquer beleza que possa haver.

O mar e a chuva
Robô não ouve.
Só sintetiza o que possam ser.
Suor e dor
Robô não tem,
Pois só lhe deram o que lhes convém.


De amor, é claro,
nada conhece,
Pois coração ele não contém.
Poesia, de certo,
não escreveria.
Pois conteúdo não haveria.

Robô não sente
Robô não vive
Robô não sabe que está aqui.
Robô não veste,
não dorme ou despe
qualquer beleza que possa haver.

Robô agora
irá dormir.
Por algum tempo, não existir.

Robô é triste
Com corpo em riste,
Cabeça baixa
Vai desligar.

Robô só pensa
na solidão.
E uma vida sem conclusão.
Por isso é triste
Pois não existe,
O complemento
O partilhar.
Não existe,
nenhuma amada.
Não existe
nenhum sonhar.

Mas, afinal,

Robô não sente
Robô não vive
Robô não sabe que está aqui.
Robô não veste,
não dorme ou despe
qualquer beleza que possa haver.

Robô é triste.
É incompleto.
Pois é poeta que com seu brilho,
Criando a vida e seguindo o trilho
Não vê motivos de estar aqui.

Tanta tristeza
Não cabe em mim.

Eu sou poeta que só dá dó.
Talvez seja por ser robô.
Ou talvez seja
por estar só.



Autor: Aldo Novak

(c) todos os direitos reservados.

Powered by ScribeFire.

Nenhum comentário: