Escuto seu perfume
que, no corpo de outra,
me grita sua presença ausente.
Vejo seu rosto em outros corpos.
Seus olhos em outros mundos.
Seus sonhos em outras mentes.
Com o olhar absorto, sigo tateando,
e acariciando,
as cores do leve tecido que,
ainda hoje,
em fotos suas me cercam.
Vejo que recobrem seu dorso desnudo
em que eu - sem vergonha - sorvia com beijos.
Beijos loucos de um amor real.
Raro. Total.
Vezes sem conta, sagrados.
Noutras, vagabundos enamorados.
Lá você continua minha,
como que me testando
e com seu olhar e sorrisos.
Abraçando.
Provocando.
Amando.
Saboreio com paladar aguçado os sons de seu
sussurrar ofegante,
que em minha ainda perene memória,
resistem, vivendo como a doce lembrança
de um eterno e, mesmo que falso,
maravilhoso agora.
Tempos felizes,
dos quais somos hoje, você e eu,
apenas cores carentes de manchadas e tristes telas,
largadas em paredes de qualquer dessas antigas casas velhas.
Somos apenas desbotados tons,
não mais tão felizes.
Como aqueles quadros velhos,
de desbotadas cores.
Perdidos matizes.
Um comentário:
O mais lindo até hoje!
Postar um comentário