segunda-feira, 28 de abril de 2008

Quadros Velhos

Escuto seu perfume
que, no corpo de outra,
me grita sua presença ausente.

Vejo seu rosto em outros corpos.
Seus olhos em outros mundos.
Seus sonhos em outras mentes.

Com o olhar absorto, sigo tateando,
e acariciando,
as cores do leve tecido que,
ainda hoje,
em fotos suas me cercam.

Vejo que recobrem seu dorso desnudo
em que eu - sem vergonha - sorvia com beijos.
Beijos loucos de um amor real.
Raro. Total.
Vezes sem conta, sagrados.
Noutras, vagabundos enamorados.

Lá você continua minha,
como que me testando
e com seu olhar e sorrisos.
Abraçando.
Provocando.
Amando.




Saboreio com paladar aguçado os sons de seu
sussurrar ofegante,
que em minha ainda perene memória,
resistem, vivendo como a doce lembrança
de um eterno e, mesmo que falso,
maravilhoso agora.

Tempos felizes,
dos quais somos hoje, você e eu,
apenas cores carentes de manchadas e tristes telas,
largadas em paredes de qualquer dessas antigas casas velhas.

Somos apenas desbotados tons,
não mais tão felizes.
Como aqueles quadros velhos,
de desbotadas cores.
Perdidos matizes.

Ainda assim,
escuto seu perfume,
sorvo seus sons,
toco suas cores,
e vejo seus sabores.

Tudo isso em um quadro velho.
Para todo o sempre.


Autor: Aldo Novak


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terça-feira, 22 de abril de 2008

Juntos

Escolhendo as imagens
pra evitar dizer o que sei que
você pensa,
olho seus lábios.

O baton borrado divide
com minha camisa branca
um pouco do que vai na sua mente;


Os cabelos,
não mais tão bem penteados,
arremessam ao meu rosto
o doce perfume,
enquanto minha mão vai surfando
cada fio, cada mecha.

O sorriso seu,
com o lábio marotamente mordido,
sua mão quente,
sentindo as formas do meu rosto,
como um escultor e sua obra de argila,
tudo isso provando às tontas
que nossa escolha foi a melhor.

Talvez,
apenas talvez,
a única mesmo.



Autor: Aldo Novak

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segunda-feira, 21 de abril de 2008

Robô



Robô não sente
Robô não vive
Robô não sabe que está aqui.
Robô não veste,
não dorme ou despe
qualquer beleza que possa haver.

O mar e a chuva
Robô não ouve.
Só sintetiza o que possam ser.
Suor e dor
Robô não tem,
Pois só lhe deram o que lhes convém.


De amor, é claro,
nada conhece,
Pois coração ele não contém.
Poesia, de certo,
não escreveria.
Pois conteúdo não haveria.

Robô não sente
Robô não vive
Robô não sabe que está aqui.
Robô não veste,
não dorme ou despe
qualquer beleza que possa haver.

Robô agora
irá dormir.
Por algum tempo, não existir.

Robô é triste
Com corpo em riste,
Cabeça baixa
Vai desligar.

Robô só pensa
na solidão.
E uma vida sem conclusão.
Por isso é triste
Pois não existe,
O complemento
O partilhar.
Não existe,
nenhuma amada.
Não existe
nenhum sonhar.

Mas, afinal,

Robô não sente
Robô não vive
Robô não sabe que está aqui.
Robô não veste,
não dorme ou despe
qualquer beleza que possa haver.

Robô é triste.
É incompleto.
Pois é poeta que com seu brilho,
Criando a vida e seguindo o trilho
Não vê motivos de estar aqui.

Tanta tristeza
Não cabe em mim.

Eu sou poeta que só dá dó.
Talvez seja por ser robô.
Ou talvez seja
por estar só.



Autor: Aldo Novak

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domingo, 20 de abril de 2008

Teu Clima

Um sorriso que abre o sol
Lágrimas que trazem a chuva
Complemento da minha vida
Como que, para o vinho, a uva.

Quando o coração adormece,
E dos mistérios, amanhece
Sonhos lindos te exploram a alma
Sonhos vivos. Sem medo ou trauma.



Mas quando raios te cercam
E tempestades te assolam,
Quando o tempo se torna
Arauto de dor e inclemente,
E o teu coração, doce e alegre,
Se acama triste e doente
Te abraço, te cerco e te cuido,
Me torno de tua alma um escudo.
Como o óleo no criado mudo,
Ou a lança do soldado curdo

Um sorriso que abre o sol
Lágrimas que trazem a chuva
Complemento da minha vida
Como que, para o vinho, a uva.

Se aos deuses tiver de implorar
Pedindo climas que te melhorem
Não hesito em me ajoelhar,
Mesmo que meus joelhos se esfolem

Alcançando cada um deles,
`inda que alguns não me creiam,
Certo estou de que saberão a verdade
E, reconhecendo a vontade,
O amor, carinho e humildade,
Dar-te-ão o sol da deidade
Dar-te-ão vida e felicidade.

Um sorriso que abre o sol
Lágrimas que trazem a chuva
Complemento da minha vida
Como que, para o vinho, a uva.

Sempre serei teu pára-raios,
Teu escudo, teu defensor
Se invasor me permitir,
Teu servo e conquistador.
Juntos somos mais que um reino,
Somos sol, chuva e calor.
Somos raios, praias calientes.
Imperatriz, você, eu imperador.

Um sorriso que abre o sol
Lágrimas que trazem a chuva
Complemento da minha vida
Como que, para o vinho, a uva.

Autor: Aldo Novak


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quarta-feira, 2 de abril de 2008

No Time


Tic... tac... tic... tac...

No time to think
No time to live
No time to give the love she deserves;

No time to learn
No time to teach
No time to cook the meals or desserts;


No time to play
No time to call
No time to blow all her fears away;

No time to cry
No time to fly
No time to see her even today;

The clock shows no time.
The time, calls no clock.
My life builds on dreams
My dreams, build on rock.

The clock runs away,
The way, shows havoc
My days follow a path
A path time can block.

If chaos, shows the clock
The clock, cosmos show
When life shows me a shock
I step up and go

No time to touch
No time to kiss
No time to say she`s part of my life;

No time to hold
No time to load
No time to make her feel as my wife;

No time to love
No time to nod
No time to write any profound word;

No time to be
No time to see
No time to grow as part of this world;

No time to create
No time to debate
No time to give mind`s food for my brain;

No time to exist
No time to persist
No time to run, to swim or to train

That`s why...

The clock shows no time.
The time, calls no clock.
My life builds on dreams
My dreams, build on rock.

The clock runs away,
The way, shows havoc
My days follow a path
A path time can block.

If chaos, shows the clock
The clock, cosmos show
When life shows me a shock
I step up and go

Tic... tac... tic... tac...


Autor: Aldo Novak


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Passatempos


Passa o tempo do relógio,
passa o sol, chuva, tormento.
Passam horas, passam dias,
meses marcam meu lamento.

Muito longe desses sonhos,
que me tomam o sentimento,

Busco ávido teus olhos,
fotografando o momento.

Busco teu solto sorriso lindo,
busco do encontro o evento,
Busco, voltando o relógio,
amar você todo o tempo.


Muito perto, muito longe.
Ora diabo, ora monge.
Te espero, te arrasto - ora invasor, ora casto –
Para um mar de sentimentos, proibidos – mesmo sagrados.
Para nós tão permitidos; para outros, censurados.

Sentimentos invejados,
Sempre que perdidos, buscados.
Se esparramam por teu corpo,
livres de dolo ou pecado
por teus lábios,
por teu colo,
por teus olhos, demarcados.
‘inda que simples, que sejam.
Que beijam beijos molhados.

Muito longe dos amores,
das paixões, dos passatempos,
Perto demais dessas dores,
Lágrimas, choros, tormentos.

Olhando fundo essas cores,
Sentindo forte esses ventos,
Somos sempre compositores,
Autores e diretores,
De nosso filme de vida,
do roteiro, do argumento.

Passa o tempo do relógio,
passa o sol, chuva, tormento.
Passam horas, passam dias,
anos marcam meu lamento.

Muito perto, muito longe.
Ora diabo, ora monge.
Te espero, te arrasto - ora invasor, ora casto –
Para um mar de sentimentos, proibidos – mesmo sagrados.
Para nós tão permitidos; para outros, censurados.

Sentimentos invejados,
Sempre que perdidos, buscados.
Se esparramam por teu corpo,
livres de dolo ou pecado
por teus lábios,
por teu colo,
por teus olhos, demarcados.
‘inda que simples, que sejam.
Que beijam beijos molhados.

Muito longe desses sonhos, que me tomam o sentimento,
Busco ávido teus olhos, fotografando o momento.
Busco teu solto sorriso lindo, busco do encontro o evento,
Busco, voltando o relógio, amar você todo o tempo.


Autor: Aldo Novak


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