segunda-feira, 24 de junho de 2013

Espelho d’água

Espelho d’água, que ao céu reflete
Todo o seu medo e esperança
Espelho d’água por ti derrama
Na pele corre e por ela avança



Lágrimas doces de tanta mágoa
Lágrimas lentas
Dores silentes
Seus olhos são como espelhos d’água
Olhos que choram
Olhos videntes

Neles eu vivo
Neles eu morro
Por eles mato as dores latentes
Beijo teus olhos
‘Inda que longe
Pois a eles amo
Mesmo que ausentes


Aldo Novak
Membro da Academia Guarulhense de Letras

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Jaula Livre

Nascido livre -
ou numa jaula.
Vivendo bem -
ou numa vala
Isso não importa.
Isso não me cala.

Navego solto
enfrento o douto,
Rasgo bandeiras
Vingo a mortalha.

Na terra viva
Tapete verde
Com água azul
Meditativa


No céu que brilha
Pérolas brancas
Lar para deuses
Lar da partilha

Grades não me calam,
Calos não me doem.
Chuvas não me param
Dores me constroem

Por onde passo
Abro o caminho
Em terra seca
ou ribeirinho

Navalho a estrada
Marcando a entrada
Poupando ao próximo
A caminhada

Retalho nuvens
Singro as areias
Caminho em mares
Construo altares

Posto que sou,
Mais do que fui
E que serei
Mais do que sou.




Aldo Novak
Membro Academia Guarulhense de Letras


(c) todos os direitos reservados.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Acredito em você

Não acredito no que a maioria acredita.
Nem deixo de acreditar em algo porque a maioria não o faz.
Acredito no que quero acreditar.
Só isso.
Sabe qual uma das únicas coisas em que realmente acredito?
Acredito em você.




Não acredito que o futuro seja igual ao passado.
Nem me importa que não possa prever o que acontecerá.
Porque quero acreditar em você.
Erros?
Não acredito neles.
Foram meus erros que me colocaram diante de você.
E os seus que te colocaram diante de mim.
Nossos erros foram os mais acertados que existiram.
Não acredito no passado de que me lembro.
São apenas memórias.
Bolhas de informação eletromagnéticas.
Só isso. E essas lembranças mudarão com o tempo.
Por isso não acredito nelas.
Mas acredito em você.
E isso basta pra mim.
Porque gosto de acreditar no improvável.
Por isso acredito, também, em nós.
E nesse sonho durmo mais calmo.
Feliz.
Afável.

Aldo Novak
Membro da Academia Guarulhense de Letras


(c) 2008-2013 todos os direitos reservados.

domingo, 9 de junho de 2013

Resgate

Quanto é o resgate?
Eu pago.
Eu vago por um mundo perdido.
Sem você, sem sentido
Dói viver longe.
Casto, como um monge.
Louco, como um desgovernado bonde.
Uma pedra rolando montanha abaixo.
Sem saber onde me encaixo.
Por caminhos tortuosos
Pesadelos monstruosos.
Nos quais você não existe.
Ainda assim, meu amor resiste.
Mesmo quando acordo e vejo, triste
Que você não está ao meu lado
Você com quem deveria estar abraçado
Está distante
Sequestrada por medos errantes
Falsas seguranças, falsos diamantes.
Por isso, pergunto: quanto é o resgate?
Eu pago.
Para não viver em um mundo perdido.
Sem você, sem sentido.
Pago o resgate, ou morro tentando.


Aldo Novak
Membro da Academia Guarulhense de Letras


(c) 2008-2013 todos os direitos reservados.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Você é a razão

Por que eu não te esqueço?
Não parece que eu me encaixe em nenhum outro lugar. As mulheres que conheço parecem apenas um rascunho seu. Algumas vezes até lindas por fora, e nada por dentro.
Passo horas olhando suas fotos. Seu sorriso que esconde dores e amores, sonhos e vontades. As lágrimas que correm por seu rosto quando ninguém olha. Será que molham o teclado? O travesseiro? Os corações?
Você é minha maior incógnita. Você é tudo o que vejo. Tudo o que sinto.
Por que não te esqueço?
Porque se por outras me animo, por você me inflamo.
Porque para cuidar pela vida é por você que clamo.
Porque nas noites que vivo, é ao seu nome que chamo.
É por você que esses rascunhos escrevo, rabisco, declamo
No fundo, não te esqueço, simplesmente porque

Você é aquela que me completa, desafia e a quem amo.



Aldo Novak
Membro da Academia Guarulhense de Letras

(c) 2008-2013 todos os direitos reservados.