quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Jardineiro de Diamantes

Não há como acertar sempre
Como garantir sempre
Ter sorte sempre

Mas há algo mais importante:
Tentar.

Podemos tentar sempre.

Porque se não acertamos sempre,
podemos tentar novamente.

Tentamos sempre.

Porque se não há garantias sempre,
podemos tentar novamente.

Tentamos sempre.

Porque se não temos sorte sempre,
podemos tentar novamente.

Tentamos sempre.

Um encontro, mesmo quando é o mais perfeito precisa do cuidado dos olhar. Do tempo. Da vida.

Um encontro de dois corações é como um diamante bruto. Tem todo o brilho potencial, mas exige os cuidados que tornarão este brilho real.















Como o cuidado de um jardineiro, que rega a flor mesmo quando ninguém ainda enxerga suas cores.


Cabe a nós sermos jardineiros de diamantes.
Jardineiros de vida.
Jardineiros do amor.



Aldo Novak
Membro da Academia Guarulhense de Letras

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Minha Rainha

O que sinto não é real
É feitiço
É perdição
É desejo sem limites
Encantamento
E emoção

É pensar que era a ti
Meu amor na multidão
Que esperava conhecer
E de pronto te entregar
De uma vez, de uma só vez
Meu amor, meu coração.

É loucura
Não é real
É razão. Intuição.
Não devia ser assim
Ao menos num mundo são.
Tão rápido. Tão intenso.
Como um raio e um trovão.

Quer saber?
Pois não importa!
Se não é real
Tornar nós vamos
Me dá sua mão
Te roubo inteira
Quero sonhar
Viver e amar
E te beijar desde a nuca
Corpo desnudo
Ao calcanhar
Beijar teus olhos
E aos cabelos
Surfar meus dedos
Te carinhar
Por tua boca
Morder de amor
E me entregar
E te abusar
E te prender
E te soltar
E tua pele na minha mão
Vou conhecer
Vou deslizar
Menina linda
Me dá seu dorso
E esse pescoço
Pra eu amar
E esse seu rosto
Que só merece
O meu calor
O meu beijar
Suaves toques
De lábio a lábio,
E essa alma
Doce e sagrada
Que minha alma vai partilhar
E teus abraços
Pecados laços
Que nos agarram
Vou sequestrar
Não me importa
Não me interessa
Quanto tempo isso vai levar
Só o que importa é te ter junto
Pra todo o sempre
E só te amar


Aldo Novak
Membro da Academia Guarulhense de Letras

(c) 2008-2013 todos os direitos reservados.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Espelho d’água

Espelho d’água, que ao céu reflete
Todo o seu medo e esperança
Espelho d’água por ti derrama
Na pele corre e por ela avança



Lágrimas doces de tanta mágoa
Lágrimas lentas
Dores silentes
Seus olhos são como espelhos d’água
Olhos que choram
Olhos videntes

Neles eu vivo
Neles eu morro
Por eles mato as dores latentes
Beijo teus olhos
‘Inda que longe
Pois a eles amo
Mesmo que ausentes


Aldo Novak
Membro da Academia Guarulhense de Letras

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Jaula Livre

Nascido livre -
ou numa jaula.
Vivendo bem -
ou numa vala
Isso não importa.
Isso não me cala.

Navego solto
enfrento o douto,
Rasgo bandeiras
Vingo a mortalha.

Na terra viva
Tapete verde
Com água azul
Meditativa


No céu que brilha
Pérolas brancas
Lar para deuses
Lar da partilha

Grades não me calam,
Calos não me doem.
Chuvas não me param
Dores me constroem

Por onde passo
Abro o caminho
Em terra seca
ou ribeirinho

Navalho a estrada
Marcando a entrada
Poupando ao próximo
A caminhada

Retalho nuvens
Singro as areias
Caminho em mares
Construo altares

Posto que sou,
Mais do que fui
E que serei
Mais do que sou.




Aldo Novak
Membro Academia Guarulhense de Letras


(c) todos os direitos reservados.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Acredito em você

Não acredito no que a maioria acredita.
Nem deixo de acreditar em algo porque a maioria não o faz.
Acredito no que quero acreditar.
Só isso.
Sabe qual uma das únicas coisas em que realmente acredito?
Acredito em você.




Não acredito que o futuro seja igual ao passado.
Nem me importa que não possa prever o que acontecerá.
Porque quero acreditar em você.
Erros?
Não acredito neles.
Foram meus erros que me colocaram diante de você.
E os seus que te colocaram diante de mim.
Nossos erros foram os mais acertados que existiram.
Não acredito no passado de que me lembro.
São apenas memórias.
Bolhas de informação eletromagnéticas.
Só isso. E essas lembranças mudarão com o tempo.
Por isso não acredito nelas.
Mas acredito em você.
E isso basta pra mim.
Porque gosto de acreditar no improvável.
Por isso acredito, também, em nós.
E nesse sonho durmo mais calmo.
Feliz.
Afável.

Aldo Novak
Membro da Academia Guarulhense de Letras


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domingo, 9 de junho de 2013

Resgate

Quanto é o resgate?
Eu pago.
Eu vago por um mundo perdido.
Sem você, sem sentido
Dói viver longe.
Casto, como um monge.
Louco, como um desgovernado bonde.
Uma pedra rolando montanha abaixo.
Sem saber onde me encaixo.
Por caminhos tortuosos
Pesadelos monstruosos.
Nos quais você não existe.
Ainda assim, meu amor resiste.
Mesmo quando acordo e vejo, triste
Que você não está ao meu lado
Você com quem deveria estar abraçado
Está distante
Sequestrada por medos errantes
Falsas seguranças, falsos diamantes.
Por isso, pergunto: quanto é o resgate?
Eu pago.
Para não viver em um mundo perdido.
Sem você, sem sentido.
Pago o resgate, ou morro tentando.


Aldo Novak
Membro da Academia Guarulhense de Letras


(c) 2008-2013 todos os direitos reservados.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Você é a razão

Por que eu não te esqueço?
Não parece que eu me encaixe em nenhum outro lugar. As mulheres que conheço parecem apenas um rascunho seu. Algumas vezes até lindas por fora, e nada por dentro.
Passo horas olhando suas fotos. Seu sorriso que esconde dores e amores, sonhos e vontades. As lágrimas que correm por seu rosto quando ninguém olha. Será que molham o teclado? O travesseiro? Os corações?
Você é minha maior incógnita. Você é tudo o que vejo. Tudo o que sinto.
Por que não te esqueço?
Porque se por outras me animo, por você me inflamo.
Porque para cuidar pela vida é por você que clamo.
Porque nas noites que vivo, é ao seu nome que chamo.
É por você que esses rascunhos escrevo, rabisco, declamo
No fundo, não te esqueço, simplesmente porque

Você é aquela que me completa, desafia e a quem amo.



Aldo Novak
Membro da Academia Guarulhense de Letras

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sexta-feira, 10 de maio de 2013

Seu Olhar


Há pessoas que olham as mesmas cenas
Os mesmos rostos;
As mesmas lágrimas;
Mas enxergam o que ninguém mais enxerga.

Se a cena tem pouca iluminação
Abrem o diafragma
Diminuem a velocidade
Ou apenas aguardam a volta do Sol
Se a vida está obscura, também.
Vão devagar, mas não param.


Essas pessoas – essas raras pessoas
Trocam o filtro e mudam as cores de seus dias
Sentem beleza nos sorrisos alheios
Conforto nas rugas de felicidade
Esperança no contínuo nascer do Sol

Sofrem mais que os outros
Porque buscam o ideal
Se a imagem não é a certa
E a vida não segue viva
Seu dia é um temporal
Sua dor é visceral

Por isso são especiais
E, no fundo, muito diferentes.
Acham-se um pouco estranhas
Um tanto fantasiosas ou,
talvez – pensem – incoerentes.
Para alguns, talvez sejam bobas.
Para outros, até indecentes.

Mas assim são.
Olham o que todo mundo olha
E veem o que ninguém mais vê
Há nelas um desconforto
Um delicioso desconforto
Em sua infinita busca da próxima imagem
Da construção de uma vida que tenha mensagem
No retoque humano da mais bela paisagem
Por uma alma como esta, vale a pena viver.
E, se preciso for,
Vale a pena morrer.

Você tem este olhar.


Aldo Novak
Membro da Academia Guarulhense de Letras
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domingo, 5 de maio de 2013

Se você não vier eu vou

Venha. Venha. Venha para meu mundo.
Agora o momento chegou.
Se havia dúvida, acabou.
Se você não vier, eu vou.



Aldo Novak
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domingo, 21 de abril de 2013

Não Importa




Não importa.
Nunca importou.
Só o que importa é que você me amou.
Contra o mundo, se arriscou.
Não disse tudo.
Nos Machucou.
Ao omitir, nos queimou.
Mas isso não me importa.
Nunca importou.
Nosso passado é apenas uma memória
Guardo as boas.
Apago as outras.
Por isso não esqueço você
Nem jamais vou esquecer
Talvez nunca mais te veja
Se assim for, que assim seja
Mas guardo a total certeza
Por irracional que pareça
Que te amei de verdade
E que em outro universo
Eu seria seu homem
E você minha metade



Aldo Novak
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domingo, 7 de abril de 2013

Você conseguiu


Você conseguiu
Fechou as portas que, pra seu sorriso, em meu coração abri
Tapou o Sol que minha pele, da esperança, aquecia
E vivia
Sentia
Te compreendia
Hoje o que resta é somente uma lembrança frágil
Como a memória de uma dor de cabeça insistente
Ao torpor do amor resistente
Daquelas que nos tornam, sem razão, penitentes
Você era a mulher que eu já tinha escolhido
Mas acabou
Fugiu
Desistiu
Sim, você conseguiu
Subverteu a ordem,
Amando sem amar
Jurando sem jurar
Partilhando sem partilhar
E agora me perdeu
Demorou, mas me perdeu
Siga do horizonte a estrela
Que vai te levar pra fora do deserto
Mas quando ao Éden chegar
Se, por sorte, o encontrar
Pare de caminhar
De fugir ou demorar
Pois a vida não te espera
É viver. É caminhar.
Sob o sol, mesmo que quente
Ou sob um romântico luar
De você levo as lembranças
Que sempre quero levar
De uma doce e frágil donzela
Que eu queria poder salvar

Aldo Novak

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Não


Não
Não mude por mim
Não te quero outra
Te prefiro louca
Mas sendo você

Não
Não tema por mim
Longe de ti não existo
Nem à morte eu resisto
Que em sua ausência me cerca
Posto que a força que tenho
E a coragem que empenho
Nascem do amor que te sinto



Não
Não clame por mim
Apenas me chame
E te encontro agora
Reviro o mundo por dentro
Buscando pistas por fora
Com minha vida protejo
E me entrego ao desejo
Da menina que me adora

Não
Não chore por mim
Só se for de saudade
E estejamos muito longe
No nosso tempo de vida
Ou noutra distante cidade
Por que o amor que te sinto
Continua na eternidade


Aldo Novak
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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

As estrelas dizem



A roda da vida gira
Hora é luz
E hora é sombra
Ainda assim não te esqueço
Nem mesmo sei se mereço
Ser seu eterno amado
Mas sei que as estrelas
me dizem
Que se pertenço a algum lugar
Esse lugar é ao seu lado







Aldo Novak
Membro da Academia Guarulhense de Letras

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domingo, 13 de janeiro de 2013

Reser


Eu não sou assim
Mesmo que esteja assim
Não sou o que pensam que sou
Somente estou o que não sou
Então só me sobra reser
Ser de novo o que eu sou
É quase como nascer
Ou renascer do que me sobrou


Outro tempo
Outro lugar
Sem mistérios
A desvendar
Sei o que quero
Sei o lugar
Agora é hora
De viajar

Porque eu não sou assim
Mesmo que esteja assim
Não sou o que pensam que sou
Somente estou o que não sou
Então só me resta reser
Ser de novo o que eu sou
É quase como nascer
Ou renascer do que me sobrou




Aldo Novak
Membro da Academia Guarulhense de Letras
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sábado, 12 de janeiro de 2013

Não te encontro


Em que mundo estou
Que não te encontro?
Olho, mas não te vejo
Ouço, mas não te escuto
Toco, mas não te sinto

















Aldo Novak
Membro da Academia Guarulhense de Letras

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sábado, 5 de janeiro de 2013

O Homem Errado

Acho que, para você, sou o homem errado
E sei disso
Entenda que você é certa
Mas não para mim
E, se sou o certo, não é para você
Para você, acho que sou o homem errado
E sei disso

Sou o homem errado
Por mais que gostasse de ser o certo
O homem correto, bom, penitente
Talvez enfadonho e até mesmo chato
Lamento dizer que isso não é fato
O fato é que sou o homem errado
Pelo menos para a mulher de uma noite somente
Para a que de amor não entende
Para a que não é sorridente
Ou pense na felicidade sendo mero acidente
Sou, para ela, o homem errado
E sei disso.

Sou o homem errado
Para a mulher que não estude e aprenda
Que comigo não cresça
E que não entenda as regras da vida
Que de opinião não mude
Que não queira ser meu grude
Que de amor não converse
Esquecendo o alicerce
Que nossa vida constrói
Sou o homem errado
Para a mulher que não queira filhos – no plural
Ou que não queira dar a seus filhos um pai de verdade
Para a mulher que confunda família com uma cruzada medieval
Que rime matrimonial somente com varal
        Avental
Banal
Para a mulher que não queira montar, juntos, a árvore de Natal
Sim, sou o homem errado
Para a que não veja motivo em casar – em ritualizar
Ou que nunca esteja buscando razão para amar
Sou o homem errado
E sei disso












Sou o homem errado
Para a mulher que aceita menos que amor inteiro
E, como caneta sem tinteiro,
Deixa em sua história de vida
Apenas lendas de amores perdidos
Memórias de homens bandidos,
Eventos, já quase esquecidos
Como se viver fosse uma efêmera fantasia
Para alguns, de obscura tristeza
Para outros, luminosa alegria
Sim, para essa mulher sou o homem errado
E sei disso

Sou o homem errado
Para a mulher que não conta as estrelas
Para aquela que não chora em filmes de amor
Ou não veja em nuvens sua vida passar
Sou o homem errado para a mulher
Fria
Forte
Poderosa
        Decidida
        Ajustada
        Equilibrada
Prefiro muito mais a mulher carinhosa
Medrosa
         Carente
Quase pervertente
         Chorona
         Desastrada
         Até fragilizada
Sou dela confidente
Seu canalha, penitente
Seu dono e seu domado
Seu senhor escravizado
Quero que ela seja vulnerável para mim
Porque dela também serei
Caso contrário
Sou o homem errado
E sei disso


Sou o homem errado
Para a mulher que busque
Status. Dinheiro. Fama.
Para a que só pense em sucesso, carreira e drama
Ou para a que tenha vergonha e bloqueios na cama
Busco aquela que a meu corpo e mente inflama
Sem pudores. Sem rancores.
Não quero esposa mucama
Quero a mulher abusada
Louca, perdida e bandida
Mulher caliente, indecente,
que bem alto me chama
Confusa, mas que sempre me ama
Se não, sou o homem errado
E sei disso


Sou o homem errado
Para aquela que fuja ao romance
Ternura, família e afeto
Sugiro que, distante, descanse
Se afaste e busque alguém diferente
E de outros amores se canse
Antes que a meu coração alcance
Pois, para ela, sou o homem errado
Sou certamente errado para a mulher que flerta com a mentira
Para aquela que, algumas regras, não queira comigo quebrar
Para a que se enamora da culpa
Envolve-se com a tristeza
Só faz o bem, olhando a quem
Para esta mulher, sou o homem errado
E sei disso

Sou o homem errado
Para a mulher que fuja ao abraço amigo
Ao silêncio cúmplice
Para a que não queira me ter atrevido
Para a que não vá passar a vida comigo
Sim, sou dela cafajeste
Príncipe mais que corrompido
Ora respeitoso, doce, romântico
Ora ousado, transgressor, pervertido
Mas nunca, jamais, mentiroso
Nunca, com ela ardiloso
De modo algum rancoroso.
           Maldoso.
           Invejoso.
Melhor ser sempre amoroso
Para a mulher que vive no século dezoito
Cheia de medos, culpas e censuras
Tenho que dizer que estou longe de ser tão simples
Por isso, para essa mulher, sou o homem errado
E sei disso


Sou o homem errado
Para a mulher que foge ao prazer
Que acredita em ser virtuosa e não encantadora
Ou, penitente, e não deliciosamente indecente
Para a mulher que tema o doce sabor do pecado
Para a que evite o delicioso beijo molhado
Roubado
Saborosamente melado
Para ela, sei que sou o homem errado
Namorado, noivo ou com ela casado
Essa mulher que me tem será um anjo apimentado
De outro modo, sou o homem errado
E sei disso


Sou o homem errado para a mulher que a outros culpe
Que de tudo reclame
Que só veja um perdido mundo
De boas ações, moribundo
Onde o que é lindo e profundo
Seja hoje, menos que ontem
Sou o homem errado para mulher estressada,
Para a que não aceita ser libertada
Tanto quando eu, errada
Para a mulher preconceituosa, esnobe
E sempre certa de estar certa
Que creia cegamente no fim dos tempos
Sou claramente o homem errado
Se não gostar de palmada
Se comigo não fizer, para os dois,
Sempre alguma proibida emboscada
Serei, certamente, o homem errado
E sei disso


Sou o homem errado
Para a mulher que seu corpo não queira massageado
Beijado
Sugado
Mordido
Lambido
Rompido
Cada centímetro, seduzido
Cada beijo, um gemido
De pensamento corrompido
Em êxtase ensandecido, abatido
Sou o errado
Para a mulher que não queira que eu habite esse corpo estremecido
Essa vida
Esses sonhos
Para a que aposte baixo em nosso caminho
Para a que veja nossa existência juntos apenas por meses ou anos
Eu conto em décadas
Então, para esta mulher, sou o homem errado
E sei disso

Sou o homem errado
Para a que queira casar solteira
Para a que sabote a própria felicidade fazendo hoje o que vai
Dar errado amanhã
Para a mulher que fume,
sou o homem errado
Para a mulher que beba,
sou também o homem errado
Busco a mulher que queira ter a mim como seu maior vício
Caso contrário
Não sou para essa mulher
Sou, para ela, o mais errado dos homens

Na verdade
Sou o homem errado
Para a mulher que não queira perder-se em lascívia constante
Para a que não queira ser minha escrava, dona e eterna amante.
Por fora, uma dama.
Comigo, ora... comigo...
Sim, busco a princesa doce, um anjo de coração enorme
Pureza de intenções
Cheia de boas ações
Mas temperada com tempestades de ousadia
No fundo, essa princesa é pecadora
Aquece de vida gelados momentos
Lambuzando com seus tesouros
Os secos fragmentos do dia
Ela perverte os contos
É uma princesa vadia
Para qualquer outra, sou o homem errado
E sei disso


Sou o homem errado
Para a mulher que à razão e à ciência despreza
Para aquela que tenha apenas felicidade escondida
Que aceite ser usada, por alguma igreja bandida
Que tenha seu destino entregue,
Mesmo que machucada e ferida,
Aos usurpadores da fé e assassinos da vida
É um fato que essa mulher não me conquista
Por isso, para ela, sou o homem errado
E sei disso

Para a mulher fanática,
Por um time, religião, partido ou ideologia
Sou o homem errado
Não gosto de nada que seja seguido cegamente
Prefiro a mulher que pensa, questiona e vive
Que erra buscando acertar
Não daquela que erra por errar
Busco a que creia na mudança como única permanência
Não na que creia ser permanente, apesar de todas as mudanças
          Festas são bem vindas.
          Rituais são bem vindos.
          Família, mesmo conflituosa, é bem vinda.
          Fanatismo, jamais.
Para a mulher insistente, deprimente e ardilosa
Sou o homem errado
Para a que acredita que os fins justificam os meios
Sou o homem errado


Sou o homem errado
Para a mulher que quer
Pouco do amor
Pouco calor
Ou se dê pouco, ou nenhum, valor
Por mais que gostasse de ser o homem certo
A verdade é que sou o homem errado
Sozinho, apenas mal amado
Com a mulher certa, seu eterno enamorado


Para você
Acho que sou o homem errado
Procure em outro lugar
Os certinhos, mentirosos, ardilosos e espertos,
Mais simples – e menos completos
Em toda parte se encontram
Então,
Por que eu?
Sou o homem errado
E sei disso.




Aldo Novak
Membro da Academia Guarulhense de Letras
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