terça-feira, 11 de dezembro de 2012
Quadros Velhos
Escuto seu perfume
que, no corpo de outra,
me grita sua presença ausente.
Vejo seu rosto em outros corpos.
Seus olhos em outros mundos.
Seus sonhos em outras mentes.
Com o olhar absorto, sigo tateando,
e acariciando,
as cores do leve tecido que,
ainda hoje,
em fotos suas me cercam.
Vejo que recobrem seu dorso desnudo
em que eu - sem vergonha - sorvia com beijos.
Beijos loucos de um amor real.
Raro. Total.
Vezes sem conta, sagrados.
Noutras, vagabundos enamorados.
Lá você continua minha,
como que me testando
e com seu olhar e sorrisos.
Abraçando.
Provocando.
Amando.
Saboreio com paladar aguçado os sons de seu
sussurrar ofegante,
que em minha ainda perene memória,
resistem, vivendo como a doce lembrança
de um eterno e, mesmo que falso,
maravilhoso agora.
Tempos felizes,
dos quais somos hoje, você e eu,
apenas cores carentes de manchadas e tristes telas,
largadas em paredes de qualquer dessas antigas casas velhas.
Somos apenas desbotados tons,
não mais tão felizes.
Como aqueles quadros velhos,
de desbotadas cores.
Perdidos matizes.
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