Há pessoas que olham as
mesmas cenas
Os mesmos rostos;
As mesmas lágrimas;
Mas enxergam o que ninguém
mais enxerga.
Se a cena tem pouca
iluminação
Abrem o diafragma
Diminuem a velocidade
Ou apenas aguardam a volta
do Sol
Se a vida está obscura,
também.
Vão devagar, mas não param.
Essas pessoas – essas raras
pessoas
Trocam o filtro e mudam as
cores de seus dias
Sentem beleza nos sorrisos
alheios
Conforto nas rugas de
felicidade
Esperança no contínuo nascer
do Sol
Sofrem mais que os outros
Porque buscam o ideal
Se a imagem não é a certa
E a vida não segue viva
Seu dia é um temporal
Sua dor é visceral
Por isso são especiais
E, no fundo, muito
diferentes.
Acham-se um pouco estranhas
Um tanto fantasiosas ou,
talvez – pensem – incoerentes.
Para alguns, talvez sejam bobas.
Para outros, até indecentes.
Mas assim são.
Olham o que todo mundo olha
E veem o que ninguém mais vê
Há nelas um desconforto
Um delicioso desconforto
Em sua infinita busca da
próxima imagem
Da construção de uma vida
que tenha mensagem
No retoque humano da mais
bela paisagem
Por uma alma como esta, vale
a pena viver.
E, se preciso for,
Vale a pena morrer.
Você tem este olhar.
Aldo Novak
Membro da Academia Guarulhense de Letras
Aproveite e leia este e outros textos, publicados anteriormente, visitando o blog Rascunhos do Tempo.
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