sábado, 12 de setembro de 2009

Mesmo agora

Mesmo agora,
quando não há razão para transformar,
quando não há motivo para realizar,
quando é difícil encontrar um porquê
O trabalho continua sendo a única opção.
Mesmo agora.

Mesmo agora,
quando sua alma parte e não está mais aqui para partilhar,
quando o sólido caminho parece ter-se transformado em um alagado lamaçal
quando as estrelas parecem ter sumido do universo, cobertas por nuvens negras
A coragem continua ordenando que a tocha seja carregada.
Mesmo agora.

Mesmo agora,
quando todo o esforço parece ter levado a ponto nenhum
quando o dia termina do mesmo modo como começou
quando as horas se arrastam levando a alma de um ponto a outro do calendário
O amor não pode ser sufocado em nenhum coração.
Mesmo agora.


Mesmo agora,
quando a luz do farol parece ter-se apagado,
quando os ventos do norte chegam sem convite, derrubando a vida
quando até as razões sem razões parecem confusas,
Temos que segurar com força no mundo que gira, sem cair ou sucumbir.
Mesmo agora.

Principalmente agora.
Para sempre, agora.


Aldo Novak



terça-feira, 1 de setembro de 2009

Curvas

Na curva crua
da estátua nua,
toalha seca de folhas soltas,
te cobrem seios, curvas e voltas.
Te rompem loucos.
Te roubam roucos.
Suor de amor, gotas de sangue.
Orvalho. Vida.
Gata o agarro,
pêlos molhados, sonhos mostrados
Pelo que vejo – ou que não vejo.

Não mais te vejo.
Não mais te beijo.
Não mais te sonho como sonhava.
Não mais me queixo.
Não mais me deixo.
Não mais me sinto ser seu amado.


Pois que,
Na curva crua
da estátua nua,
meu corpo envolve teu corpo solto.
Te cubro seios, curvas e voltas.
Te roubo louco.
Te torno rouca.
Te vejo louca de mim agora.

Agarro a gata
me entrego à ti.


Aldo Novak

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