quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

RAPTO


Rapto


Sempre olho pro teu lado
Te seguindo o caminhar
Daqui tenho tudo pronto
Porque vou te raptar
O resgate não existe
Só existe o partilhar
Pois se resgate houvesse
Eu te iria lá pagar
Mas se sou o raptor
Não há como resgatar
Pelo jeito só me sobra
Te viver e te amar.

Aldo Novak
Membro da Academia Guarulhense de Letras

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Vestido Despido


Vestido Despido

Por ter vestido o vestido.
A chuva temeu por cair
O espaço temeu existir
Sonhos solaparam tristezas.
Por ter vestido o vestido.

Por ter vestido o vestido.
O mundo parou de andar
A Terra nem quis mais girar
E flores temeram abrir
Por ter vestido o vestido.

Por ter vestido o vestido.
Me abstive de escrever
Nem consegui me atrever
A contar o que pensava
Por ter vestido o vestido.

palladios-dream

Por ter vestido o vestido.
Minha atenção tornou sua
Mal consegui assinar
Os livros que assinava
Por ter vestido o vestido.
Por ter vestido o vestido.
Meus olhos só te fitavam
Meus desejos aguardavam
O momento de falar.
Por ter vestido o vestido.
Por ter vestido o vestido.
Você o tornou mesmo lindo.
Você o tornou sensual.
Criando um nosso momento
Um só nosso ritual.
Por ter vestido o vestido.
Por ter vestido o vestido.
Naquela noite eterna
Meus sonhos serão sempre seus
Não me lembro mais como era
Só lembro que devia ser belo
De resto nada mais revelo
Sei que o sonho não é nada novo
Mas que jamais será velho.
Por ter vestido o vestido.
Nem sei mais se foi um só sonho
Ou um eterno momento
Mas sei que se sonho foi
Nele me quero perdido
Nele eu encontro você
E te tiro este lindo vestido.

Aldo Novak
Membro da Academia Guarulhense de Letras

sábado, 19 de dezembro de 2009

O que te falta

O que te falta
É complemento
É viver junto
É ritual

O que te falta
É amor sério
Amor alegre
E sensual

O que te falta
É quem te escute
É quem discute
O que é normal

O que te falta
É quem te aceite
Quem te deleite
Sem nenhum mal

O que te falta
É quem discorde
Olhe de frente
Sem te deixar

solit
O que te falta
Não é o igual
Nem o oposto
O complementar

O que te falta
É só ser minha
Por toda vida
Todo lugar

O que te falta
É ir comigo
Até o mundo
Até o altar

O que te falta
São nossos filhos
Nossa família
Nosso casar

O que te falta
É nosso ninho
Nosso almoço
Nosso jantar

O que te falta
São as mãos dadas
Mãos partilhadas
Pra te acalmar

O que te falta
São meus agarros
Nossos olhares
Nosso pensar

O que te falta
É o meu corpo
Sobre seu corpo
A passear

O que te falta
É me ter teu
Todos os dias
Todo lugar

O que te falta
Você já sabe
Sentir meus beijos
A te agradar

O que te falta
É se entregar
Ao meu amor
Ao meu amar.

Aldo Novak

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Rio que muda

A água do Rio que passa
Pelo barranco molhado
Traz um pouco de você
A cada Sol apagado

Quando o amanhecer acende
E o orvalho aparece
Minha esperança transcende
Esse pântano alagado

Ouço pássaros cantando
Vejo arvores crescendo
Sinto o rio borbulhando
E até pétalas nascendo




Cada mudança que existe
Que surge ao longo do tempo
Renova em meu coração
O crer nesse movimento

Pois se o rio é sempre igual
Sendo sempre diferente
Sei que você quer que espere
Por um novo sol nascente

Sei que tudo vai mudar
Mesmo sendo sempre igual
Creio mesmo em nosso amar
Antes, hoje e no final


Aldo Novak

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Fragmentos


Sei que está lá.

Como fragmentos
de um caleidoscópio perfeito
se mostrando aos poucos
pra mim.

Se escondendo em outros.
Dizendo que sim, existe,
Esteja eu alegre ou triste



Vejo partes de você.
Fragmentos.
Estilhaços.
Como estranhas peças
partidas
de um quebra-cabeças
perdidas
São imagens escondidas.

Vejo teu olhar em quem cruzo por ruas
Olho teu corpo n´outras nuas
Ouço tua voz nos murmúrios que escuto
E que reluto em ouvir.
Sentir.
Admitir.

Vejo soltos pedaços de você
Por cada outra pessoa que passa
Cada verso que ressoa e disfarça
Seja em texto ou sinal de fumaça

Essa é você em fuga
Do Universo, e de mim, escondida.
Como que uma reles bandida
Ladra perfeita do ouro levado da vida
Que a riqueza divide
pra não ser reconhecida

Como fragmentos
de um caleidoscópio perfeito
se mostrando aos poucos
pra mim.

Se escondendo em outros.
Dizendo que sim, existe,
Esteja eu alegre ou triste.

É lá que você está.
Lá, aqui, todo lugar.
Sintomas de um amor.
Amada.
Na prisão aprisionada.

Teus fragmentos já amo.
É a inteira que reclamo.
Resta agora te encontrar
Só não sei ainda o lugar.

Mas o futuro, já tramo:
Te encontrar e te prender.
Te agarrar e te amar.


Aldo Novak





quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Uma estrófe

Beijo, com doce volúpia,

a nuca quente e desnuda da realidade imortal.

Singro de seu corpo as fronteiras.

Mapeio proibidas barreiras

Sem regras, irracional.


Aldo Novak

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Sim, sinto saudades

Sim, sinto saudades.
Serro verdades em mitos de perdidas sentenças
Monto memórias de inexistentes presenças.
Histórias ficcionais de doloridas ausências.


Sim, sinto saudades.
Saudades de palavras não ditas
Desejadas.
Palavras benditas.
Palavras que ecoam gritantes
No silente suspiro de uma estrela perdida.
Sumida.
Pelo tempo do espaço carcomida.
Cheia de cores e, ainda assim, descolorida.


saudades

Brilhos reluzentes de escuras noites perenes.
Eternas na ausência de seu brilho.

Tristes porque longe de suas palavras alegres.
E nisso sigo em lamentos.
Vejo faltar meus alimentos.
Dias cinzentos sem crepúsculos ou ventos.
E vou me cercando de companhias ausentes.
Solitárias. Deprimentes.

Tristezas hereditárias como que vindas do céu.
Presentes.
Vertentes de duplos sentidos que jamais se encontram.
Tristes alegrias ao escutar sua voz.

Sim, sinto saudades.
Doloridas, essas verdades.
Saudades de uma relação atrevida.
Por vezes, arrependida.
Noutras de paixão acometida.

Longe, muito longe de ser contida.
Saudades de uma vida comprometida.
Onde não existe partida.
Saudades de você.
Sim, sinto saudades.

Aldo Novak

sábado, 12 de setembro de 2009

Mesmo agora

Mesmo agora,
quando não há razão para transformar,
quando não há motivo para realizar,
quando é difícil encontrar um porquê
O trabalho continua sendo a única opção.
Mesmo agora.

Mesmo agora,
quando sua alma parte e não está mais aqui para partilhar,
quando o sólido caminho parece ter-se transformado em um alagado lamaçal
quando as estrelas parecem ter sumido do universo, cobertas por nuvens negras
A coragem continua ordenando que a tocha seja carregada.
Mesmo agora.

Mesmo agora,
quando todo o esforço parece ter levado a ponto nenhum
quando o dia termina do mesmo modo como começou
quando as horas se arrastam levando a alma de um ponto a outro do calendário
O amor não pode ser sufocado em nenhum coração.
Mesmo agora.


Mesmo agora,
quando a luz do farol parece ter-se apagado,
quando os ventos do norte chegam sem convite, derrubando a vida
quando até as razões sem razões parecem confusas,
Temos que segurar com força no mundo que gira, sem cair ou sucumbir.
Mesmo agora.

Principalmente agora.
Para sempre, agora.


Aldo Novak



terça-feira, 1 de setembro de 2009

Curvas

Na curva crua
da estátua nua,
toalha seca de folhas soltas,
te cobrem seios, curvas e voltas.
Te rompem loucos.
Te roubam roucos.
Suor de amor, gotas de sangue.
Orvalho. Vida.
Gata o agarro,
pêlos molhados, sonhos mostrados
Pelo que vejo – ou que não vejo.

Não mais te vejo.
Não mais te beijo.
Não mais te sonho como sonhava.
Não mais me queixo.
Não mais me deixo.
Não mais me sinto ser seu amado.


Pois que,
Na curva crua
da estátua nua,
meu corpo envolve teu corpo solto.
Te cubro seios, curvas e voltas.
Te roubo louco.
Te torno rouca.
Te vejo louca de mim agora.

Agarro a gata
me entrego à ti.


Aldo Novak

(c) todos os direitos reservados.

domingo, 30 de agosto de 2009

Jaula Livre

Nascido livre -
ou numa jaula.
Vivendo bem -
ou numa vala
Isso não importa.
Isso não me cala.

Navego solto
enfrento o douto,
Rasgo bandeiras
Vingo a mortalha.

Na terra viva
Tapete verde
Com água azul
Meditativa




No céu que brilha
Pérolas brancas
Lar para deuses
Lar da partilha

Grades não me calam,
Calos não me doem.
Chuvas não me param
Dores me constroem

Por onde passo
Abro o caminho
Em terra seca
ou ribeirinho

Navalho a estrada
Marcando a entrada
Poupando ao próximo
A caminhada

Retalho nuvens
Singro as areias
Caminho em mares
Construo altares

Posto que sou,
Mais do que fui
E que serei
Mais do que sou.




Aldo Novak
Membro Academia Guarulhense de Letras


(c) todos os direitos reservados.



quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Meu destino

Romper as muralhas do sonho
As grades de meus calabouços
As tormentas de meus mares revoltos
Eu o farei.

Vencer o inimigo que dentro de mim habita
Agarrar as chances que outros perderam
Sonhar que nem mesmo os sonhos sejam
Melhores que a vida que vivo.
Eu o farei.

Arrastar comigo
Aqueles que à mim se prenderem
e que de mim necessitem.
Quebrar as correntes dos que me acham frágil
Oferecer a outros o que de outros eu ainda precisar
Eu o farei.


Sugar, não dos dias, mas das horas,
tudo o que elas puderem me dar -
dando, em troca, parte do que ganhar.
Eu o farei.

Transformar em metas tudo aquilo que sonhar.
Não abdicar durante crises,
Nem descansar na calmaria.
Eu o farei.

E vencerei.
Graças a meus sucessos
- ou a despeito de meus fracassos.

Vencer é meu destino e,
quanto a isso,
nada mais devo dizer, exceto:
Eu o farei!


Aldo Novak
Membro da Academia Guarulhense de Letras

(c) todos os direitos reservados.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Retratos

Sinto saudades.
Buscando ver-te,
rompo o laço do velho álbum -
porta-jóias fotográficas.
Sou delas dono,
qual lorde que rei se sente
com seu tesouro.



Sou delas senhor.
E dos diamantes nele contidos, busco o maior:
Tua foto.
Tua linda e doce foto.

Busco o mítico sentir de tua
Eterna e,
mesmo que irreal,
linda presença.

Busco amar-te no jogo de sombra e luz.
Tocar-te ao brilho do papel;
Beijar-te com infinito cuidado.
Vivendo cada minuto de vida
Sorvendo cada pedaço de tempo
Qual flor que, do Sol no horizonte,
Rouba os últimos raios.

Lá está você.
Não como hoje é,
mas como sempre para mim será.
Lá está tua imagem.
Pedaço de uma eterna lembrança;
de um hoje incontido,
de um ontem amado.
Como o arco-íris colorida,
Mesmo que, num futuro, desbotada



Aldo Novak

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sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Gelo Quente

Noites frias de verão

Confusas, sem estação

Queimam qual gelo quente

Seguindo caminhos errantes

Como carros na contra mão




Noites sem sua existência

Complemento de várias verdades

Que como estrelas perdidas

Cruzando o espaço, varridas

Sem dores ou amores intensos

Se perdem na confusão

Sejam em que estações forem

Nas noites quentes de inverno

Ou nas frias de verão.

Quando as saudades, marcantes

Dilaceram o corpo, errantes

Machucando nossa emoção

Maculando alma e memórias

Dolorindo o meu coração

Queimando qual sonhos perdidos

Como carros na contra mão


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